quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quanto aos questionamentos e à felicidade alheia

Quintas-feiras nunca foram bons dias para mim. Minha mãe diria que o problema começa com meu pensamento pessimista (e até supersticioso, mas isto ela não me diria). Mães costumam ter razão. O que ela me diria se eu perguntasse como trazer para mim quem amo? Ela diria tantas coisas que eu acabaria ignorando. Comum erro dos filhos, ignorar. Engraçado que não é falta de amor. O amor, entre mãe e filho, é incondicional. Meu objetivo provavelmente seria de me preservar. Preferível não saber se não farei. Quando amamos queremos o bem do outro, ela não se magoaria. Minha mãe me daria carinho, e se calaria.

Seria isso uma metáfora para a atitude que devo tomar? Fui eu que a fiz, devo considerar que meu racional julga como o correto a fazer? Por que é tão difícil? Sempre digo que sou romântica, os outros me julgam assim também. Não deveria eu ser como costumo ser e deixar a emoção me guiar? Estaria fazendo a mesma coisa mais uma vez. Se não deu certo antes, por que agora daria? Determinar o insucesso de uma nova história me baseando na passada não é subestimar as novas personagens? Eu mesma já não sou a mesma, sendo assim não posso ter a mesma postura. Sendo ele diferente das anteriores deve ter sentimentos, atitudes igualmente diferentes. Nem por isso mais positivas.
Considerando a temática amor teoricamente só uma poderia alcançar êxito realmente, mas ninguém (exceto eu e ele a vivendo) pode me confirmar que seja este o momento e nós as personagens para a tal história. Se tivesse eu mais habilidade - ou sorte - neste aspecto não conheceria o abismo. Também não teria tanto a escrever - como no forró do Falamansa: "quanto mais triste mais bonito soa, eu agradeço por poder cantar".
O pensamento de outro momento confuso e melancólico faz com que eu possa ver a felicidade dele. Pode ser apenas alegria momentânea, sentimento confuso - este retribuído por outra, e estimulante a ambos -, e até mesmo ter fim em breve. Se não tiver? Posso ficar sentada logo ao lado assistindo a sua vida? Esperando minha vez de participar? Não é absurdo? Desvalorização da pessoa amável que sou? Menosprezo a minha própria vida? Se ele entrou na minha vida, deixou meu mundo de pernas pro ar, faz-me questionar tanto sobre o melhor para nós, acelera meus batimentos, enriquece minha poesia, alegra meus dias, posso viver sem? A ideia da ignorância ser confortável, uma vez que eu não conseguiria agir seguindo as possíveis respostas negativas (perante o olhar desejoso), parece novamente me agradar. Lamento.
Eu o amo. Só.

Ana Kita

Peço desculpa, desta vez ao invés de agradecer possíveis identificações, se minhas dúvidas forem as de alguém. Gostaria que minhas palavras melancólicas não despertassem lágrimas a ninguém. Caso ocorra melhor que considerem que não estão sós. Talvez seja um consolo, desconheço, porque ainda é quinta: me sinto só.
Lembrou-me outra canção, preciso compartilhar. Ando Só de Humberto Gessinger:
"ando só
nem sei por quê
não me pergunte
o que eu não sei

pergunte ao pó
desça ao porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei

(...)

desate o nó que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó que nos uniu
num desatino num desafio"

2 comentários:

  1. Sempre interpreto seus textos de duas maneiras...
    Uma eu gosto e compartilho, a outra eu apenas esqueço.

    Lindo texto :)

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  2. Fiquei um tanto temerosa quanto a segunda maneira, Daia. E feliz quanto a primeira, claro!

    Muito obrigada! ;)

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