quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Bons dias - Ana Kita

Um bom dia! Tudo que eu pedia era um bom dia, eu queria um bom dia para vivermos, para construirmos nosso lar, nossa família, para que eu pudesse admirar seu sorriso. Um bom dia não é pedir demais. Eu desejava muito, mas pedia o fundamental. Nada mais que o necessário. Você não me ouvia, não me via, não me desejava como eu a você. De poucas palavras românticas passou ao simples: "Bom dia.". Eu queria matar seus diários "bom dia" enquanto você matava nossos sonhos. Você matava nossos filhos, nossa lua de mel, aos poucos passou a matar as viagens pro sul, depois matou nossa casa própria e até a troca de carro você matou. Você teria me matado. Eu sei, todos viam. Teria matado como quem dá "bom dia". Entre sair do banho e tomar um gole de café. Iria pro trabalho normalmente e quando voltasse teria esquecido que eu ainda estaria em casa. Talvez ficasse brabo, fosse estúpido por não saber o que fazer. Mas, não foi assim. Você acordou em mais uma manhã ensolarada, fiz seu café, enquanto eu lavava a louça, você punha a gravata e me dizia todas aquelas coisas. Eu me contive a um simples: "Bom dia, meu bem"; o último que lhe daria.

Ana Kita

-> Inspiração vinda de "bom dia" de Aluisio Martins e da canção "Grand' Hotel" do Kid Abelha.

6 comentários:

  1. A síndrome do "bom dia" é algo que já comentei alguma vez no meu blog.

    Pessoas que TODO dia dizem "eu te amo"...

    Não sei, parece diminuir a carga que essas palavras tem. O "eu te amo" como cumprimento, como obrigação.

    Até o "bom dia" as vezes me soa algo falso.

    É apenas um cumprimento, sem interesse na outra pessoa.

    Talvez é porque eu prefire o silêncio do que palavras vazias.

    Gostei muito do texto Ana, e não é a primeira vez que partes de nossos pensamentos sincronizam :)

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  2. Concordo com o "bom dia", e até penso que "eu te amo" podem se tornar "bom dia", mas eu digo "eu te amo" todo dia pra minha mãe e é todo dia sincero! *-* Enfim, só uma demonstraçãozinha que o "problema" não está na repetição, mas na falta de verdade.

    Obrigada, Kawen! Realmente concordamos em vários pontos, várias vezes.
    Beijos!
    Ana

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  3. Bom dia (embora seja tarde, a não que não tenha almoçado, eu acho...)
    Texto simples mas complicado, acredito que tenha a ver com aproveitar a vida, pois a morte é inevitável.
    Ou não, não sei.
    Esse blog é para pessoas com QI muito elevado,
    não me encaixo nesse perfil.
    Estou tentando apreciá-lo, seja lá o que isso signifique.
    Acho que estou meio confuso hoje.
    Ontem você usou um tênis marrom com uma estrela no lado?
    Beijos.

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  4. (Eu não tinha almoçado a essa hora mesmo! rs) Bom dia! (embora agora seja quase noite)
    Deixa de neura, Daniel! A sua foi uma ótima interpretação! ;D

    Usei sim! Da próxima vez cumprimenta! :D

    Beijos!
    Ana

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  5. são várias, as síndromes: bom dia... tudo bem? (tudo bem é péssima, mas inevitável!).
    Bem, mas não é disso que devo falar, e sim do texto! Bem legal! Tenhio uma tendência, como leitor, a gostar mais de histórias falidas de amor do que histórias de amor comm sucesso. não que possam ser inteligentes; podem sim. mas nada como essas histórias como essa aí de cima...

    ;*

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  6. Adorei seu "testemunho", Eduardo! As "síndromes" são péssimas mesmo.
    E sobre gostar mais de "histórias falidas de amor" também sou assim. Costumam me emocionar mais mesmo.

    Beijos!
    Ana

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