quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ligação - Ana Kita

Na mão o telefone. No rosto um sorriso envolvente. E o corpo mexendo-se, indo à sala, voltando ao quarto. A casa toda ao som daquelas risadas sinceras e nervosas. Ela tão só e tão plena, aquela voz tão longe e tão perto. E o tempo correndo contra eles. Falam de amores, de mágoas, de lembranças, de manias. Falam de qualquer coisa, só falar já traz alegria.
A ligação que termina, não é vontade, é vida que corre. Deixam-na escorrer pelos dedos. A porta se abre e ela sai apressada, sorridente, saltitante. O ônibus não a espera, a lua cheia já tomou o céu há pouco azul. Quem era voz agora é olhos que espia na janela. A distância finalmente diminuiu ou aumenta. Eram as vozes, são as almas, tornam-se os corpos. Nenhum deles sabe ao certo, estão felizes e só, ou sós.

Ana Kita

3 comentários:

  1. "Eram as vozes, são as almas, tornam-se os corpos" Algo meio transcendental hein? Hehehe beijos Ana :)

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  2. Esse foi misterioso.
    (mais que o normal pra mim)
    Eu acho que o interessante do poema é
    o mistério...
    Gostamos do misterioso, por isso os filmes/livros de suspense fazem tanto sucesso.
    Mas talvez, mais interessante que o mistério ou enigma seja a descoberta do significado... aquilo que eu em poemas tenho dificuldade em encontrar. Mas aí você vem e diz "não se trata de entender, trata-se de 'sentir'", nesse momento eu fico perdido, mas sei lá, talvez um dia eu tenha sucesso com isso. Por enquanto meus comentários ficarão parecidos, sempre falando da minha frustração literária...

    Tenha uma boa sexta.
    Beijos.

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  3. hahaha Obrigada, Kawen! ;)

    Daniel, novamente você e sua nóia. Embora esse seja cheio de imagens até "transcedentais", se trata de um conto simples, de uma ligação telefônica. ;)
    Gosto do seu olhar, mesmo que "não compreenda".
    Obrigada!

    Beijos!
    Ana

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