quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Carta ao vizinho de maternidade: Crescer e saber/lembrar

Joinville, 05 de agosto de 2010.

Caro vizinho,
Você pode morar muito longe de mim agora, mas há 18 anos nossas mães se encontravam na Maternidade Darcy Vargas. É pouco provável que você um dia chegue a ler estas linhas, mas as escrevo cheia de empolgação, motivada por lembranças não minhas, embora digam de mim e de você.
Na manhã do dia 6, nasci. Recebi uma nota baixa, tive o cordão umbilical enrolado no pescoço e "amarelão". Quase não parei com a fitinha de identificação no braço, e por pouco não fomos trocados. Disseram a minha mãe que não fui entregue a nenhuma outra mulher, ao contrário de você que foi levado como filho da minha mãe e a ela entregue. Por sorte (ou pelo óbvio), minha mãe (desesperadamente) disse que tinha dado à luz a uma menina, de pouco mais de 3kg. Desculpe-me caso você seja acima do peso "ideal" e/ou complexado, mas segundo minha mãe você nasceu bem gordinho e muito maior que eu. A enfermeira primeiro quis acalmar minha mãe, crendo que fosse depressão pós-parto ou alguma dessas negações de mães de primeira viagem, depois com a enfermeira chefe tudo foi esclarecido. Enfim, cheguei ao colo da minha mãe, "sã e salva". Obviamente não posso lembrar se outra mulher (talvez sua mãe) tenha me pego no colo ou me amamentado.
Gosto dessa história, embora pudesse ter um fim "trágico", eu a vejo como a primeira aventura de nossas vidas. Compartilho pois fico a pensar que talvez você a desconheça, e se as enfermeiras não mentiram para minha mãe, é muito mais aventura sua que minha. Minha mãe diz que sua mãe já tinha alguns filhos, eu só tenho irmãos mais novos. Pode parecer besteira, mas às vezes eu fico pensando como seria minha vida se eu tivesse sido "trocada na maternidade", provavelmente bem diferente. Espero que goste muito de sua vida. Eu adoro a minha. Feliz aniversário amanhã!

Abraços,
daquela que já foi o bebê ao lado, Ana.

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